Nossos Voluntários

 Estrella Arjomil, leiga missionária consagrada na diocese de Pemba

“…. Porque é eterna a Sua misericórdia…” Salmo 117

O meu nome é Estrella Arjomil, de nacionalidade espanhola. Tenho 55 anos, sou a sétima de 9 irmãos. Tive os melhores pais com quem aprendi os valores, desde o berço, e uma família maravilhosa onde a partilha, o amor e o esforço era o quotidiano.

Entrei muito nova na congregação das Irmãzinhas dos Anciãos dos Desamparados e continuei a crescer naqueles valores que os meus pais me inculcaram. Foram 28 anos muito felizes! Estive nas Palmas de Gran Canarias 12 anos, missão que me marcou profundamente! Um povo com um grande coração! Era demasiado feliz! Tinha tudo: gostava da minha vocação, era feliz, sentia-me querida, valorizada, realizada! Então pedi à Madre Geral que queria ir a um país de missão Ad Gentes. Eu era muito feliz e havia pessoas vivendo na pobreza e eu estava muito longe desse mundo. Depois de orar…enviaram-me a Moçambique onde estive 7 anos com muitos desafios. Um tempo de graça onde Deus me pedia um passo mais: deixar as minhas seguranças e lançar-me a cuidar dos afetados pela lepra, no norte de Moçambique, em Cabo Delgado. Não foi nada fácil! Tive de orar muito. Deus foi-me colocando pessoas ao longo do caminho que me ajudaram muito. Senti a experiência de Abraão: deixa o teu hábito, as tuas seguranças e vai aonde eu te disser!

Tenho que confessar que nessa altura, percebi que a minha confiança em Deus não era tao forte como eu pensava. Não é fácil começar de novo! Tinha 44 anos! Foi um ato de fé através do qual cresci espiritualmente e nas restantes dimensões. Quando fazes o que Deus quer, Ele nunca nos deixa sós. Apareceu, como um grande milagre, a visita da associação APARF. Falei-lhes da minha situação e do meu desejo de me dedicar aos doentes de lepra nas aldeias. Ficaram felizes e eu mais, pela pronta resposta.  Foram uma grande bênção e a resposta de Deus que estava no caminho certo! Desde 2016, estamos a trabalhar juntos, chegando as aldeias, visitando os doentes e diagnosticando e tratando os novos, formando voluntários em cada uma delas para dar seguimento aos doentes já diagnosticados.

Deu-se mais um passo e temos agora dois ativistas nos distritos maiores. Visitam, levam medicação e fazem a ponte com o pessoal da saúde do distrito. Dá-se também resposta a outras doenças de pele. Se encontramos alguém numa situação crítica, acompanhamos ao hospital de Pemba para cuidar da sua saúde.

Nestas visitas às aldeias, via cada vez mais a situação preocupante dos idosos. Nos centros de saúde da periferia, não se veem idosos. Ninguém os leva para o hospital. Isto moveu-me por dentro pois o carisma de cuidar dos idosos está no meu ser. Falando naquela altura com D. Luís Lisboa, coloquei a possibilidade de construir um lar para os idosos mais vulneráveis. “Tenho carisma e quem sabe se Deus me conduziu até aqui para este fim?” Ele animou-me e fomos sonhando… mais tarde, chegou Dom Juliasse que também achou uma graça para a diocese. Assim nasce a Fundação “Casa da Providência”, pois acredito verdadeiramente na Providência. Aqui a maioria dos idosos não tem reforma. Mas Deus é Pai. A obra é dele e nós somos apenas seus instrumentos.

Voltar as origens desta cultura onde se respeitava e honrava os mais velhos como uma biblioteca. Oro cada dia para que desde o inicio cada funcionário se sinta parte deste sonho, abrace esta Fundação, sua espiritualidade desde os valores Bantu, sua missão com o coração nas mãos. Juntos podemos fazer uma pequena diferença com estos nossos irmãos mais velhos e sábios. 

Levo 18 anos em Moçambique e confesso que ainda estou aprendendo a ser missionaria, este povo com o que caminho ensina-me cada dia. Como leiga consagrada a minha vida será partilhada e entregada com eles e por eles.

Estou segura que cada passo dado ate aqui me foi preparando para esta missão. Confio nas vossas orações! A vida é muito curta! Que eu faça sempre aquilo para que fui criada!

Estrella Arjomil